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Gestão de Pessoas

SOMEMA: “O futuro passa por conjugar competências técnicas com as que valorizam a pessoa enquanto ser humano"

06 Dezembro 2022

O futuro das empresas de moldes vai passar por estarem cada vez mais automatizadas e robotizadas, sobretudo na área da produção. Mas isso não significa que as pessoas perderão a sua importância. Pelo contrário. “As pessoas vão continuar a ser o fator fundamental desta indústria”.


Fernando Vicente, da Somema, está na indústria de moldes há mais de quatro décadas. Desde sempre, conta, “o mais importante nas empresas foram as suas pessoas. A indústria não chegaria onde chegou se não fossem elas. E vão continuar a ter a mesma importância no futuro”.


No seu entender, o que vai mudar é o perfil de competências. “Os bons técnicos continuarão a ser necessários, obviamente. Mas o que vai ser preciso serão capacidades de liderança, flexibilidade, criatividade ou pensamento crítico”, salienta.Ou seja, a aposta passará por valorizar as pessoas “pelas suas características de seres humanos”.


“A indústria foi-se transformando, inovando, otimizando e vai ser ainda mais tecnológica no futuro. Mas foram as pessoas a criar essa mudança. E serão necessárias para criar as mudanças seguintes”, explica, considerando que a transformação “exigirá maior competência”. E o sucesso das organizações dependerá de “equipas motivadas e integradas”.


Como exemplo da evolução, recorda que no passado, a produção era assegurada por uma pessoa por cada máquina. Hoje, o processo evoluiu e o mesmo operador consegue controlar várias máquinas, havendo até momentos em que as máquinas estão a funcionar sem qualquer colaborador presente. “Isto trouxe rentabilidade às empresas, mas para que seja possível acontecer é necessário haver pessoas no backoffice a preparar tudo isto, a programar as máquinas, para que tudo funcione na perfeição”, salienta.


E para as competências que serão as mais necessárias, como criatividade, a curiosidade e aprendizagem contínua, o pensamento crítico, liderança ou gestão do tempo, considera que as escolas têm um papel preponderante a desempenhar. “As escolas têm de apostar mais no desenvolvimento destas ‘soft skills’, têm de se adaptar, para formarem melhores pessoas para os empregos do futuro”, defende.


Já nas empresas, a atenção à formação tem de ser também maior. “É preciso olhar para esta questão com ponderação e defini-la como prioridade. Os colaboradores têm de ser formados dentro do espírito da empresa, têm de ser valorizados”, considera, advertindo que as organizações “têm de se preparar para investir mais nesta área”. Até porque, sublinha, “os recursos humanos são escassos e é preciso conseguir mantê-los”. E nesta questão da atração de pessoas, a indústria de moldes, lembra, “compete com outras áreas de atividade e até com indústrias de outros países”.


Uma aposta nesta vertente, defende, “torna as empresas mais produtivas, mais capazes, desenvolvendo a sua atividade com vista à excelência – que é aquilo que se pretende”. Para tal, diz ser fundamental que as empresas desenvolvam departamentos de recursos humanos de qualidade. Mas não só. Uma outra área que considera de grande importância é da gestão dos sistemas. “É uma área sensível hoje e que será para o futuro porque a informática estará cada vez mais presente”, diz.


Para Fernando Vicente, o recrutamento de jovens para a indústria tem vindo a ser cada vez mais complexo. No caso da Somema, são feitos anúncios explicando as características da função e são depois escolhidos os candidatos. Esta seleção, considera, tem de ser muito criteriosa e o técnico tem de ser bem integrado. É que, sustenta, “muitas vezes, mais complicado do que recrutar é conseguir manter os jovens”.


“O mercado de trabalho está muito volátil”, afirma, considerando que “é fundamental estar muito atento às pessoas e à forma como se sentem na empresa”. Para tornar o ambiente de trabalho mais atrativo, a empresa começou já a apostar em questões que vão além dos salários, como seguros de saúde ou prémios de motivação. “Estamos a começar a implementar muitas destas medidas e o objetivo é vir a ter todos abrangidos por vários benefícios para além do salário”, explica.


O teletrabalho pode ser uma opção em alguns casos. Mas não em todos. No entanto, considera que as empresas têm de estar atentas também a esta possibilidade. Mas o fundamental é “criar na empresa o espírito de equipa, garantindo que todos estão motivados e satisfeitos”.


“As pessoas hoje são muito diferentes do que eram no passado. Sem juízos de valor, porque todos têm muito mérito, mas hoje esta geração é muito bem formada a nível académico. Todos têm cursos superiores, falam duas ou três línguas. Ou seja, a escola ainda não dá tudo, mas é fundamental neste processo”, defende, considerando que “a interação entre escolas e empresas é fundamental”. E essa ligação, sublinha, “tem de ser cada vez mais estreita, de forma que as empresas possam dar os seus inputs na formação e ter recursos humanos cada vez mais competentes, mas de uma forma mais abrangente que não apenas na vertente técnica”. “Precisamos de ter bons profissionais que sejam boas pessoas”, conclui.