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Estratégia & Negócios

I4.0 e trabalho: uma relação em destaque na Revista Molde

24 Agosto 2021

A automação e fábricas inteligentes, sistemas omnipresentes e conectados, análise de dados e Inteligência Artificial (IA), serviços baseados em software e cadeias de valor integradas afetam fortemente os trabalhadores, as competências que têm de deter, bem como a natureza das suas tarefas e funções. Embora várias dessas tecnologias economizem trabalho, a verdade é que, por enquanto, a progressiva digitalização vivenciada nos tempos atuais não importa necessariamente a perda de empregos: no Reino Unido, por exemplo, a tecnologia ajudou a criar 3,5 milhões de novos empregos entre 2001 e 2015, ainda que tenha contribuído para a perda de 800.000 postos de trabalho (Cutler e Lewis, 2016; Mariani et al., 2017; Schwartz et al., 2017). O aumento da automação pode implicar que o valor do trabalho humano diminua e que a tecnologia assuma as tarefas de monitoramento e controlo. Contudo, vários indícios sugerem que a produção puramente orientada para a tecnologia, na qual os seres humanos desempenham um papel secundário no processo de produção, ainda não é muito provável.



INTERAÇÃO HOMEM-MÁQUINA

Tecnologias físicas e digitais inteligentes podem ser usadas como ferramentas para melhorar o ambiente de trabalho. As tecnologias autónomas podem operar ao lado das pessoas - cada uma delas aproveitando as suas forças inerentes para alcançar um resultado maior do que qualquer uma delas poderia conseguir sozinha. Tarefas repetitivas e correntes deixam de ser uma preocupação humana, libertando os trabalhadores para a execução de tarefas complexas, variáveis e, muitas vezes, imprevisíveis, que exigem capacidade de avaliar e entender dados, mas também de exercitar a criatividade. Humanos e máquinas trabalham agora mais cooperativamente. É provável que, a médio-prazo, as tarefas se tornem parcialmente virtuais e reorganizadas em processos em tempo real. No entanto, processos de produção complexos precisam de ser analisados atempadamente e fornecidos in situ pelos funcionários, criando, assim, o desafio de implementação de projetos mais orientados ao trabalhador e novos sistemas de interação trabalhador / máquina. O problema consiste em equilibrar sistemas autónomos que são controlados externamente (pela IA) com a necessidade de dar aos funcionários um certo controlo num contexto específico e, assim, ajustar e restaurar os processos de trabalho regulamentados. Deste modo, o desenvolvimento de conceitos para o suporte de competências dos funcionários é também fundamental e, portanto, são necessárias novas interfaces e ferramentas de suporte do ponto de vista tecnológico, para permitir que os utilizadores acompanhem o desenvolvimento, compreendam as máquinas de maneira independente e as usem de forma eficaz e eficiente para o seu próprio trabalho.


A transformação da Indústria 4.0 produz melhores resultados se a relação homem-máquina for projetada de forma positiva. Isto significa um foco no ser humano, em vez de na tecnologia, devendo procurar-se soluções amigáveis para os trabalhadores na área da produção. Para que esse processo funcione é necessário o envolvimento ativo dos trabalhadores qualificados afetados nas PMEs no desenvolvimento e implementação de tecnologias em rede. O objetivo é criar interfaces robustas que também sejam intuitivas e forneçam informações personalizadas para lidar com os problemas que surgem, dando suporte efetivo aos funcionários.


Note-se que ao fornecer soluções de software em tempo real/qualquer lugar, pode piorar-se o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (uma vez que o trabalho e software podem ser usados remotamente). A transformação digital da sociedade requer novas diretrizes para horários de trabalho - por exemplo, por meio de acordos operacionais. As restrições podem ser definidas por meio de condições avançadas para os limites da vida profissional. Os funcionários podem evitar o stresse inadequado - mesmo em contextos de trabalho que são quase sempre automáticos e auto-organizados.



FORMAÇÃO E COMPETÊNCIAS

As novas tecnologias e a forma como são incorporadas nas funções e processos de trabalho diário podem levar a novas necessidades de formação. Os indivíduos precisarão de conduzir as suas interações em conjunto com as tecnologias da Indústria 4.0. O conhecimento de TIC passa a ser necessário em todos os níveis operacionais e de gestão. Os operadores de máquinas terão que ter o conhecimento necessário de TIC, os gestores de produção igualmente e até os gestores de clientes terão de ser capazes de colocar as plataformas integradas ao serviço dos seus clientes. A equipa de vendas poderá iniciar os processos de produção diretamente de um tablet e fornecer aos clientes informação sobre a produção em tempo real na conclusão do pedido. Uma compreensão dos processos e suas consequências é uma vantagem adicional.


Mas não são apenas as competências de TIC que são importantes. Por exemplo, à medida que as funções de planeamento e controlo são delegadas para níveis operacionais, as competências para ação e organização autónomas tornam-se cada vez mais importantes e, portanto, os funcionários devem desenvolver competências para poderem introduzir melhorias constantes no processo de produção. Da mesma forma, a aptidão para entender rapidamente procedimentos e processos fora da própria área de conhecimentos torna-se cada vez mais importante.


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Texto: Vítor Ferreira (Diretor executivo da Startup Leiria e docente no Politécnico de Leiria)
Publicação: Revista Molde, 130 (pp. 94 e 95)