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Sustentabilidade

DRT: «Só há sustentabilidade quando as vertentes económica, social e ambiental estão em equilíbrio»

24 Novembro 2022

Equilíbrio. Esta é, para Sónia Calado, do grupo DRT, a palavra-chave para resumir a sustentabilidade numa empresa. “As empresas têm de ter sustentabilidade económica, mas também a componente de cariz social e as preocupações ambientais”, explica, considerando que, se uma delas estiver em desequilíbrio, isso faz com que todas as outras o estejam também.


Exemplifica com a questão económica, salientando que, se uma empresa está num contexto económico desfavorável, o mais natural é que os seus responsáveis centrem as suas preocupações na resolução dessa questão. As outras não perdem, nem podem perder, importância, defende. No entanto, deixam de pesar da mesma forma nas prioridades do decisor.


“É o equilíbrio que faz sentido e dá sustentabilidade à empresa”, reforça.


Para Sónia Calado, uma das prioridades que está sempre presente e que considera o elo mais importante desta cadeia de equilíbrio, são as pessoas. “A verdade é que as empresas não são nada sem as suas pessoas. E sabemos que, atualmente, esta é uma indústria intensiva em conhecimento, em que os recursos humanos são escassos e é preciso conseguir cativá-los e retê-los”, explica.


Exemplificando com o caso do grupo DRT, conta que a retenção de pessoas tem sido, desde sempre, “uma prioridade presente”. Por isso, a empresa aposta na criação de um ambiente onde o bem-estar é preponderante. “Não somos empresas ‘iô-iôs’, atirando mão-de-obra fora e indo buscar outra. As pessoas não podem ser olhadas como descartáveis. Temos de as fazer sentir a importância que têm”, afirma. Para isso, o grupo tem implementados alguns benefícios, como a aposta na confeção de refeições a preço muito simbólico, não apenas para os trabalhadores, mas também para as suas famílias. “O objetivo é ter um contexto familiar alargado na empresa”, explica.


Uma outra preocupação é “tentar procurar e ajustar as pessoas nas áreas onde se sentem bem, em lugar de as dispensar. As que vão tendo mais dificuldade em integrar-se nesta ou naquela secção, procuramos encontrar outro local e encaixá-las”, conta ainda. A sua forma de agir e integração levou já a que, por três vezes (três anos seguidos), o grupo DRT fosse distinguido com o troféu ‘Empresa Inclusiva’.


Criado pelo Conselho Municipal para a Inclusão das Pessoas com Deficiência do município de Leiria, este galardão reconhece e valoriza as entidades que integram pessoas com deficiência e incapacidade nos seus quadros, quer através da celebração de contratos de trabalho, quer por via de estágios profissionais ou curriculares.


Sónia Calado explica que a questão das pessoas, que deve ser a principal aposta das empresas, torna-se uma preocupação quando uma segunda questão – a estabilidade económica – é posta em causa.


// Sónia Calado (DRT)


“No atual contexto, depois de uma pandemia, de um arrefecimento da indústria automóvel e perante uma guerra na Europa, é natural que as empresas sintam grande instabilidade e que tenham como prioridade a sobrevivência. Há muitas empresas que estão a lutar para conseguir manter-se”, considera.


Apesar de a atividade dar sinais de aceleração já este ano, Sónia Calado lembra que, no essencial, as empresas estão a viver um período de grandes incertezas e marcado por indefinições. “É muito difícil gerir porque não conseguimos prever o que vai acontecer, seja a breve trecho, seja no futuro”, considera. Para que se assegurasse o equilíbrio que as empresas necessitam, defende que deveria existir “um apoio específico e efetivo, de forma a conseguirem a estabilidade necessária para melhor concretizar os negócios e poder desenvolver as duas outras vertentes (social e ambiental)”.


“O nosso sector é de investimento intensivo. Temos de estar sempre na vanguarda da tecnologia, e, por isso, a nossa indústria tem um forte recurso à banca. Enquanto não for encontrada uma forma de apoio eficaz, será sempre complicado para as empresas”, considera. E, acrescenta, a situação é transversal a praticamente todos os mercados, afetando a maioria das empresas, entre as quais, as que são clientes do sector de moldes nacional. “Os clientes querem pagar mais tarde porque também não têm estabilidade financeira e há, até, grandes empresas que estão na iminência da insolvência”, explica. Neste contexto, considera que perante uma situação destas, é muito complicado que as empresas consigam manter a sustentabilidade. Face a este contexto seria expectável a disponibilização de um seguro de crédito com garantia de estado que permitisse às empresas beneficiarem de cobertura em operações de exportação para clientes incluindo os clientes europeus.


A terceira questão, o ambiente, está, no entender de Sónia Calado, estreitamente ligada com as outras duas. “Por um lado, essa é uma questão que está na ordem do dia e nas preocupações de todos. Em teoria, os clientes mostram preocupação por ela. No entanto, na prática, nem sempre isso acontece porque acabam por definir materiais e na adjudicação do molde o principal fator que conta é o custo”, explica.


Apesar disso, e desde há bastante tempo que a empresa procura manter métodos e processos ‘amigos do ambiente’. Desde logo, a redução de desperdícios resultantes da produção. “Não somos uma indústria muito poluente”, sublinha, adiantando que outras medidas que têm em curso prendem-se com a reciclagem de todos os materiais, a otimização do processo produtivo de forma a ganhar qualidade e competitividade e eliminar erros, e até a reutilização da água, de forma a poupar.


O grupo vai mudar brevemente algumas empresas para novas instalações, na Zona Industrial de Leiria (Zicofa), para um edifício construído de raiz, no qual estão preparadas com um conjunto de medidas para evitar desperdícios. A climatização é uma dessas questões, aponta. Por exemplo, “a DRT Micro, uma das empresas do grupo – que fabrica moldes de grande precisão - vai ficar instalada na cave do edifício, mas a construção foi pensada para ter a temperatura muito controlada e com o mínimo recurso a climatização”. “São pequenas medidas que, no seu conjunto, vão fazendo a diferença”, explica, considerado que “a aposta no ambiente tem de ser vista dessa forma”.


Para Sónia Calado, muitas outras medidas poderiam ser tomadas pela indústria, de uma maneira geral. No entanto, salienta, “para implementar todos os procedimentos possíveis para ser uma empresa mais sustentável e ecológica, os custos são muito elevados. E o custo/benefício não é compensatório”. Por isso, explica, “muitas empresas vão alterando e introduzindo procedimentos de forma faseada, à medida das suas possibilidades e procurando, no dia a dia, fazer o melhor possível”.