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13 Fevereiro 2025
30 Janeiro 2025
O que é que os moldes podem aprender com a Netflix, Spotify ou Amazon?
Como estabelecer relações mais duradouras com os clientes.
Por Ana Timóteo
O modelo tradicional de vendas baseia-se numa lógica transacional: um contacto pontual com o cliente, uma única transação e um ciclo de faturação que depende exclusivamente da entrada de novas encomendas. Já a adoção de um modelo de subscrição oferece um valor contínuo, criando oportunidades para estabelecer relações mais duradouras.
Embora empresas como a Netflix, a Spotify ou a Amazon tenham perfis bastante distintos dos fabricantes de moldes, os seus princípios podem ser adaptados à realidade industrial. Um exemplo disso seria a implementação do conceito "Mould-as-a-Service" (MaaS), onde, em vez da simples venda de um produto único, a oferta se focaria no acesso contínuo a um serviço – seja através de manutenção ou otimização dos moldes existentes.
Segundo José Ferro Camacho, consultor na BIID - Business Innovation Industrial Dynamics, "este modelo pode ser benéfico para a indústria de moldes ao possibilitar uma maior eficiência operacional e um posicionamento mais sustentável". Inspirado na economia circular, o MaaS permite que os clientes maximizem a vida útil dos moldes, reduzam desperdícios e minimizem o impacto ambiental, sem comprometer os elevados padrões de eficiência exigidos pelo setor. Para os fabricantes, cada vez mais pressionados a apresentar soluções sustentáveis, este modelo pode representar uma vantagem competitiva significativa.
No entanto, a mentalidade das empresas pode ser um dos maiores entraves à adoção deste modelo. Francisco Aguiar, coordenador de marca na Startup Leiria, explica que "muitas empresas, especialmente na indústria automóvel, preferem manter o controlo total do processo produtivo. Não confiam ainda em comprar peças avulso, sem esse controlo completo".
A inovação tecnológica é um motor essencial para a evolução da indústria de moldes. Todavia, paradoxalmente, a tradição tem um peso relevante neste setor. A transição para um modelo de subscrição não é apenas uma mudança comercial – é uma transformação profunda que desafia hábitos enraizados.
A cooperação entre equipas é um fator determinante neste novo paradigma. «A cooperação entre empresas torna-se uma necessidade, especialmente porque algumas dominam apenas parte da cadeia de valor. Sem coordenação, não conseguimos disponibilizar modelos como este», adverte José Ferro Camacho, coerente com o Relatório sobre o Futuro da Competitividade Europeia, elaborado por Mario Draghi, que defende uma maior coordenação das cadeias de fornecimento.
É essencial promover a colaboração entre equipas de investigação, desenvolvimento e vendas, permitindo uma resposta mais rápida às necessidades do cliente e uma adaptação contínua da oferta. Quanto maior for a cooperação interna e a fluidez da informação, mais ágil será a adaptação ao mercado e mais forte será a relação com os clientes.
O futuro da indústria de moldes não passa apenas pela excelência técnica, mas pela capacidade de oferecer valor contínuo. A resposta está na reinvenção do modelo de negócios, adotando um capaz de garantir um fluxo constante de receita, uma relação de longo prazo com os clientes e, acima de tudo, a agilidade necessária para se adaptar rapidamente às necessidades do mercado. Em suma, um modelo que garanta valor agregado.