
Semana da Indústria da Figueira da Foz
A Incubadora Mar&Indústria da Figueira da Foz e a ACIFF – Associação comercial e Industrial da F (...)
22 Maio 2025
08 Abril 2025
Apesar de serem consumidas mais de 100 mil milhões de toneladas de matérias-primas por ano, mais de 90 % ainda não são recicladas. Este dado alarmante, divulgado pelo Banco Europeu de Investimento, reforça a urgência de acelerar a transição para uma economia circular — especialmente no setor dos plásticos, que continua a ser um dos mais poluentes.
Segundo a consultora Material Economics, a Europa pode cortar até 450 milhões de toneladas de CO₂ com ciclos fechados de materiais até 2030 — cerca de 8 % das emissões atuais. Já a Fundação Ellen MacArthur estima que até 45 % das emissões podem ser evitadas a longo prazo com uma economia circular. Além dos benefícios ambientais, há também ganhos económicos: usar materiais reciclados reduz o consumo de energia entre 20 % e 90 % e pode gerar até 465 mil milhões de euros em poupanças anuais para empresas europeias. A Organização Internacional do Trabalho prevê ainda a criação de 7 a 8 milhões de novos empregos até 2030 com esta transição.
A indústria dos plásticos é essencial nesta mudança, mas ainda tem muito por fazer. Em 2023, foram produzidas mais de 413 milhões de toneladas de plástico, mas apenas 8,7 % foram recicladas. Reciclar é mais ecológico, consome menos energia e reduz a dependência de matérias-primas fósseis, mas os desafios são técnicos e económicos: a reciclagem é cara, complexa e exige padrões de qualidade elevados.
Diferenças regionais: como o mundo está a enfrentar o desafio
Europa: Regulação estrita
A UE lidera com legislação rigorosa, como o Plano de Ação para a Economia Circular e o Regulamento de Embalagens e Resíduos de Embalagens (PPWR), que impõem metas obrigatórias de reciclagem. A partir de 2025, garrafas PET de uso único terão de conter 25 % de plástico reciclado, subindo para 30 % até 2030. O sistema de depósito adotado na Lituânia, por exemplo, aumentou a taxa de retorno de 34 % para 92 % em dois anos.
Ásia: Entre inovação e lacunas estruturais
A Ásia representa 53 % da produção global de plásticos e a China, o Japão e Coreia do Sul avançam com leis e investimentos robustos. A China, por exemplo, deixou de importar resíduos plásticos e investe fortemente em infraestruturas de reciclagem. O Japão aplica leis de reciclagem desde os anos 1990, e a Coreia do Sul aposta em design sustentável e inovação tecnológica com incentivos fiscais.
Américas: Estratégias fragmentadas
Na América do Norte, há uma grande disparidade. Alguns estados dos EUA têm programas de responsabilidade alargada do produtor (EPR), enquanto outros pouco fazem. Já o Canadá aposta num plano nacional de resíduos plásticos e num registo de produção e consumo para aumentar a transparência.
Na América do Sul, a reciclagem ainda é pouco significativa e a maioria dos resíduos vai para aterros. Países como Chile, Colômbia e Brasil têm leis e programas, mas a infraestrutura é insuficiente. O sucesso dependerá de investimento estatal, cooperação internacional e sensibilização pública.
O caminho é circular, mas ainda longo
A economia circular nos plásticos não é só uma solução ambiental. É uma estratégia inteligente de negócio que reduz custos, cria valor, gera emprego e torna o mundo mais sustentável.
Cada região está a aprender à sua maneira, e há muito que podemos partilhar e adaptar. O importante é continuar a investir em reciclagem eficiente e acessível, design de produtos mais sustentáveis, incentivos económicos e inovação e na sensibilização da sociedade.
Sem reciclagem, a economia circular será sempre uma promessa incompleta. Mas, com as políticas certas, pode transformar-se na base de uma nova economia global, mais verde, mais justa e mais preparada para o futuro.
[este texto é uma adaptação do artigo Circularity in the plastics industry: A global overview]